Um relato pessoal de quem superou a síndrome de burnout e hoje está numa nova fase profissional

Um relato pessoal de quem superou a síndrome de burnout e hoje está numa nova fase profissional

As doenças do século XXI são enfermidades relacionadas à saúde mental, como ansiedade, depressão, síndrome do pânico e síndrome de burnout. Esta última, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doença ocupacional, é consequência de uma série de fatores no ambiente de trabalho que levam a este quadro, muitas vezes, tidos pelos próprios colaboradores como normais no seu dia a dia, como o excesso de trabalho e a pressão por resultados

Só quem teve síndrome de burnout sabe o que passou e o que teve que enfrentar para superá-la. Nesta matéria, Jhony Inácio, de 35 anos, atualmente fotógrafo de futebol, conta quais foram os seus sintomas iniciais e como o seu trabalho, ou melhor, excesso de funções e pressão, o levou a desencadear sintomas físicos e emocionais, e até a sensação de querer morrer.  

Formado em Educação Física e em Administração de Empresas, por doze anos ele trabalhou na área de RH em uma empresa multinacional americana de segurança. Começou como estagiário e teve uma carreira em ascensão. 

“Nos últimos cinco anos, eu atuei na área de gestão de talentos e ministrava também treinamentos para lideranças e gerências. Eu cuidava da parte de gestão de metas e de carreiras, e recebi mais uma tarefa. Cada área da empresa teria um responsável pela análise de processos e implementação de melhorias, relacionadas à redução de custos, e eu fui convidado para ser o responsável pela área de RH”, recorda-se Johny.

Até aí tudo bem. Porém, como característica pessoal, Johny conta que ele gosta das coisas bem claras, de atingir as expectativas em relação ao seu trabalho e não decepcionar ninguém. “Eu tinha o cargo de especialista e nesta nova função, eu me reportava a uma diretora. Desde o início, eu disse para ela como eu sou e que precisava que tudo fosse claro para eu não decepcionar quem acredita em mim”. 

Primeiros sinais

Não estava claro o que ele tinha que entregar na nova função e isso foi lhe angustiando mais ainda. “Pensando hoje, nos últimos quatro anos eu já estava passando por um processo de desgaste no ambiente de trabalho. Eu acordava pensando qual desculpa eu daria para não ir para a empresa”.

Jhony foi diagnosticado com depressão e ansiedade, fazia terapia e tratamento com medicações. “Eu tinha pequenas crises de ansiedade, taquicardia, que passavam depois de 5 minutos, e eu voltava ao meu trabalho. Naquela época, em 2020, eu estava em home office. No ano seguinte foi o mesmo esquema e eu consegui fazer algumas boas entregas, outras nem tanto, mas sempre com muita clareza me reportando à diretora”. 

As entregas não tão satisfatórias, segundo ele, foram porque as regras não estavam claras. “Eu estava sem norte, a diretora viu que eu estava meio à deriva e me colocou na área de projetos, apartada do RH, e eu comecei a depender do trabalho dos outros para entregar os projetos, consequentemente, alguns desses projetos atrasaram e isso me angustiou mais ainda”, afirma. 

A gota d’água

Jhony recorda-se que o estopim aconteceu em uma reunião da qual participaram a diretora, a qual ele se reportava, e todos os gerentes da empresa, no segundo semestre de 2021. “Um mês antes, eu fiz uma reunião com ela explicando que eu não iria entregar dois projetos por falta de investimento. E nesta reunião, ela me expôs para todos, questionando esses projetos. Quando sou questionado e faz sentido, eu argumento, mas quando não faz sentido, eu me calo. Eu fui sentindo ódio, uma sensação de impotência e injustiça. Mesmo com máscara, as pessoas perceberam que eu estava transtornado”.  

Foto: Divulgação/Jhony Inácio

Sintomas de burnout
No dia seguinte, a diretora entrou em contato com ele, mas já era tarde. “Mesmo ela tendo sido uma fofa, depois disso, as crises que duravam cinco minutos se agravaram. Eu não conseguia me concentrar, eu tinha sudorese, taquicardia, respiração curta, como se eu estivesse tendo um ataque de pânico. Teve um dia em que eu acordei às 5 horas e comecei a ter uma crise. O meu rosto tremia e formigava. Eu fui para o hospital, o cardiologista me atendeu e disse que eu estava tendo uma crise de ansiedade. Eu achava que ia morrer, ele me medicou e eu fiquei melhor”. 
O passo seguinte foi acompanhamento médico. Ainda assim, ele não sentia a menor vontade de trabalhar. No início de fevereiro de 2022, ele foi afastado do trabalho por 15 dias e em abril, com síndrome de burnout diagnosticado por um psiquiatra, foram mais 60 dias de afastamento. “Antes de 10 dias para eu voltar, eu tive que me apresentar a um médico do trabalho, ele viu o estado em que eu estava e me orientou a me afastar por mais tempo. Ele me deu 30 dias e recebi três meses de afastamento pela Caixa Econômica Federal”. 
Esgarçamento
Dez dias antes da data que deveria voltar ao trabalho, Jhony teve uma forte crise de ansiedade e por coincidência, o mesmo médico do trabalho que o atendeu lhe telefonou para saber como ele estava. “Ele percebeu que eu estava muito mal e eu dizia que precisava trabalhar. Eu fui criado entendendo que o homem é o trabalho. Mesmo se eu estivesse mal, se eu não fosse trabalhar, para mim eu era um vagabundo. Ele me afastou por mais 30 dias e me disse que todos da empresa gostavam de mim e saberiam que se eu estava sendo afastado era porque eu não estava bem. Ele me convenceu”.
Nova fase
Em paralelo a tudo o que enfrentou, ainda trabalhando para a empresa em que estava, Jhony descobriu uma paixão: a fotografia. Durante a pandemia ele fez um curso a distância e começou a fazer fotos amadoras de partidas de futebol de bairro que ocorriam à noite e nos finais de semana. Foi atrás para se profissionalizar e desde maio de 2021, ele fotografa jogos e campeonatos oficiais. “Tudo começou como uma distração e acho que no fundo, eu já buscava o que fazer. De forma inconsciente, talvez fosse uma opção profissional lá na frente e foi o que aconteceu”, afirma.   
Apoio
Ele conseguiu um acordo para a empresa lhe demitir e a fotografia lhe ajudou muito a tomar esta decisão. Jhony aproveita para falar do apoio que ele teve. “Eu tive muito apoio do médico do trabalho, que disse que eu precisava me tratar e me incentivou a seguir com a fotografia, e da empresa que aceitou me demitir. A minha amiga gerente da área de RH me ajudou nessa intermediação e a diretora (a qual ele se reportava) me deu a opção de continuar ou sair. Sou muito grato à empresa por isso e sei que as portas estão abertas se eu quiser voltar”.  
Vivência
Por tudo o que passou, Johny costuma dizer que são poucas as pessoas que não têm ansiedade ou depressão. “Para 90% das que têm, ainda não caiu a ficha. Eu falo muito sobre a importância da terapia e principalmente, do tratamento psiquiátrico em casos de sintoma agudo. Se não tiver medicação, não melhora. Não digo que eu não voltaria para o mundo corporativo, mas se eu conseguir pagar os boletos, eu não volto”, finaliza. 
Data de Publicação: 19/04/2023

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