A 5ª edição da Pesquisa HOME OFFICE – SAP/SOBRATT/UnB mostra que impulsionado pela pandemia, o teletrabalho ganhou força no Brasil e o principal motivador é a qualidade de vida dos colaboradores, seguido pelo alinhamento às modernas práticas de trabalho e na manutenção dos talentos. 

Nesta edição, participaram 460 empresas em âmbito nacional, de vários segmentos, e que juntas contam com cerca de 1,2 milhão de trabalhadores. 86% delas disseram atuar com o teletrabalho, um percentual bem acima da edição anterior. Na pesquisa de 2020, entre os 544 participantes, 46% adotaram este modelo.

Nesta matéria, o fundador e diretor da SAP Consultoria, Sebastião Augusto Perossi, comenta os resultados. Um deles é o tempo para as empresas aderirem ao home office: 73% disseram que é imediatamente, no entanto, 52% não têm treinamentos definidos. “Pelo que a gente vem acompanhando, a grande maioria das empresas não têm um treinamento estruturado para que as pessoas possam se adaptar mais rapidamente ao home office, mas sim, elas vão recebendo orientações, às vezes do próprio colega ou do seu gestor”. 

Ele acrescenta que a pandemia pegou todo mundo de surpresa. “Mesmo que as empresas não tivessem estrutura para o home office, elas tiveram que se adaptar ao novo cenário. Até pelo recorte da pesquisa, cresceu muito o número de empresas que adotaram o home office. Elas até podem não ter treinamentos definidos, mas têm indicadores que mostram a produtividade, a entrega dos seus colaboradores”, afirma. 

Motivadores

Para 75% das empresas participantes da pesquisa, o principal motivo para a adoção do teletrabalho é a qualidade de vida dos colaboradores, 70% disseram que é pelo alinhamento às modernas práticas de trabalho e 60% mencionaram a manutenção de talentos. Apenas 35% são motivadas à adoção deste modelo  para aumentar a produtividade, por outro lado, 48% disseram que a produtividade aumentou. 

Segundo Sebastião, “de maneira geral, a produtividade aumentou e o grande orientador foi a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores. Isso mostra a entrega por parte das pessoas, o comprometimento e o foco maior no seu trabalho”. 

Flexibilidade 

Também pela pesquisa, 65% dos colaboradores têm carga horária definida, mas com flexibilidade de horário. “Com este resultado, a gente percebe que as empresas começaram a perceber que o objetivo é a entrega, o resultado. A partir do momento em que se flexibiliza a jornada de trabalho no home office, você também dá ao teletrabalhador melhores condições”. Nesta mesma questão, 22% das empresas disseram que são rígidas com o horário, 13% são flexíveis, 46% permitem o banco de horas, 35% a prática de horas extras e 20% adotam horários diferenciados.

Controle

Entre as 460 empresas avaliadas, o principal tipo de controle existente é por atividades, para 47% do total. Outras 38% têm o mesmo controle do modelo presencial, 31% adotam o controle do início ao fim da jornada, como o ponto eletrônico, 22% realizam o controle de trabalho (dias/horas trabalhadas), 20% fazem o controle de horas extras, 13% não controlam e 5% têm outros modelos.

“A leitura que fazemos é que a maioria não faz um controle rigoroso e que a compensação é pelas entregas e que as metas estão sendo cumpridas. No entanto, por se tratar de um ambiente muito amplo de empresas, de diferentes portes e diferentes segmentos, há demanda para o controle de jornadas”, afirma Sebastião.

No monitoramento do teletrabalho, as empresas contam com três principais áreas: RH, para 90% delas, 59% pela área de TI e 58% utilizam também o Jurídico. 

Comparativo

Em relação à pesquisa anterior, de 2020, Sebastião destaca três pontos que merecem atenção. O primeiro deles é a relação de confiança. “Havia por parte dos gestores uma preocupação de como seria feita a gestão dos colaboradores em home office. Pelas respostas desta edição, percebemos que eles estão mais seguros e o teletrabalhador um pouco mais confiante”.

O segundo é em relação aos subsídios. “Ainda é pequeno o percentual de empresas que oferecem subsídios para os colaboradores que trabalham em home office (43%), mas acreditamos que isso começará a ganhar mais espaço. É uma forma delas ajudarem os teletrabalhadores com algumas despesas”. 

E o terceiro é o crescimento da adoção do home office. “Aumentou efetivamente o número de empresas que estão proporcionando o home office e de maneira geral, o número de dias nesta modalidade. Isso dá uma flexibilidade para as empresas poderem contratar pessoas de outras localidades. Claro que isso depende das funções que serão exercidas”, conclui.

A pesquisa foi apresentada no 2º Congresso Nacional de Teletrabalho, realizado pela Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades – SOBRATT, no final do ano passado, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil Secional São Paulo (OAB SP). Acesse a pesquisa completa!